26 de abril de 2012

Meio ambiente, vergonha e uma máquina do tempo...


Esse não é como um dos textos habituais desse blog, é mais um desabafo mesmo. Sempre me orgulhei de ser brasileiro, nascer, ser criado e morar em um país rico biologicamente e culturalmente, uma nação pacífica e tolerante e uma orientação política que, após períodos obscuros de repressão, dá valor a liberdade e democracia. Sim, sempre me orgulhei. Mas meu orgulho começou a se transformar em vergonha.

Sinto vergonha por viver em um país que tem sua bancada de líderes políticos formada por palhaços semianalfabetos, pastores evangélicos interesseiros e toda uma corja de corruptos que usam seus cargos políticos para beneficiamento próprio e de sua classe. Sinto vergonha por nascer em um país que está andando na contramão do resto do mundo que acredita na democracia, vendendo sua dignidade em troca de um desenvolvimentismo burro e que só beneficia os que não precisam de qualquer benefício. Sinto vergonha de morar em um país que negligencia os três setores mais importantes de sociedade, tratando professores de forma marginal, empurrando policiais para a criminalidade e transformando o acesso a saúde pública em uma tortura letal e sem marcas aparentes. Tenho vergonha desse país que permite que deputados, ministros e secretários públicos aumentem seus salários já exorbitantes para valores intoleráveis enquanto a esmagadora maioria da população brasileira sobrevive abaixo da linha da dignidade. Sinto vergonha por perceber que tudo isso está acontecendo, a mídia sendo manipulada e você lendo esse texto não fará absolutamente nada para tentar mudar o cenário atual.

A história continua... Hoje, 25 de abril de 2012, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto que modifica o Código Florestal, com pontos defendidos por ruralistas e sem as mudanças feitas a pedido do governo na versão que havia sido aprovada no Senado. A proposta irá direto para a sanção da presidente Dilma Rousseff, que tem o direito de vetar o projeto na íntegra ou em partes. Não importa se a nossa populista presidente Dilma vai aprovar ou não. O Brasil acaba de retroceder 20 anos nas políticas públicas ambientais e isso já é mais uma vergonha. O simples fato de o projeto ter passado pelo Senado e pela Câmara já demonstra em quais mãos está o nosso destino. Enquanto o mundo aprende com as vozes da ciência e começa a tomar coragem para tratar o câncer que estamos causando em nosso planeta, nosso governo se torna o mais grave de todos os produtos cancerígenos.

Nossa política ambiental está beirando o absurdo, mas está usando artifícios já bem batidos para evitar fazer muito ruído para não despertar o gigante adormecido chamado povo. Tais artifícios são feitos através de jogos de palavras e empurra-empurra. Cada lado diz uma coisa, cada interessado empurra o problema para o colo do outro e assim cria uma confusão tão grande na cabeça de quem só assiste que faz com que as pessoas desistam de querer se meter nesse samba pra mudar um ou outro acorde. O atual governo começa a parecer uma máquina do tempo bizarra e obscura, resgatando elementos seletivos advindos do desenvolvimentismo tribal e sem limites da Revolução Industrial europeia, o populismo de Vargas, a caixa preta de decisões da União Soviética e a manipulação de informações da ditadura militar brasileira. Tudo isso com um tempero bem brasileiro sabor ignorância. A atual política ambiental brasileira é tão absurda que se não fosse tão trágica, serviria como enredo para teatro de horror.

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